31 de out. de 2010

Rising Sun- Capítulo 13 : Sol Nascente

[Essa Fanfic foi escrita por mim e é nada mais que uma homenagem ao trabalho maravilhoso de Stephenie Meyer e à essa saga que todos nós amamos.
Se gostaram da Fic, divulguem para outros fãs da saga! Bjos, Anna Grey!]




Capítulo 13 – Sol Nascente

Eu não sei onde estive – nem por quanto tempo – perdida dentro de mim mesma. Estava vagamente consciente do ar frio – cada vez mais frio – passando por mim, do som dos passos firmes e rápidos de Jacob, de sua respiração estável em minha pele. Não sei o que me trouxe, aos poucos e desorientadamente, de volta a meu próprio corpo. Sentia-me uma estátua viva, uma pedra rígida com um coração pulsante. A pele de Jacob era um contraste confortável a minha, como uma ligação com o mundo dos vivos, uma parte minha que sobreviveu ao congelamento. O coração dele impulsionava o meu a bater, embora num ritmo desigual.
Eu não sabia onde estávamos, não sabia para onde ele estava me levando, mas eu não me preocupei com isso. Eu confiaria minha vida a Jacob, e sabia que ele zelaria por ela com a sua própria. Por algum tempo só me concentrei nos sons da noite ao nosso redor, os ecos que deixávamos ao passar por entre as árvores e arbustos. Então, tão subitamente que demorei a perceber, Jacob parou e me baixou ao chão. A luz de postes incidia por entre as árvores a alguns metros à frente. Jacob me colocou deitada entre as folhagens murchas de um abeto, às sombras das luzes fracas de alguma rua deserta, em alguma cidade ao norte. Tentei encontrar minha voz. Tentei me colocar de pé, me mover, reagir de algum modo àquela paralisia de membros e mente, mas um torpor gélido se instaurou sobre mim, e ele era infinitamente mais forte que eu, ou minha vontade de reagir.
- Ness, olhe pra mim. – Tentei obedecer. Deixei as mãos quentes e grandes me guiarem e encontrei um par de olhos castanhos enegrecidos pelas sombras da noite. –Eu vou te deixar aqui por um minuto. Volto antes que você perceba que saí. Fique quieta e não saia daqui. – Ele permaneceu encarando meus olhos vidrados por um momento e depois saiu, me deixando no mais intenso frio que já experimentei, embora a temperatura externa nada tivesse a ver com isso. Uma pequena parte de mim queria saber onde ele tinha ido, mas era pequena demais para vencer toda a névoa em minha mente. Uma lanterna de pilhas fracas.
Forcei meus pensamentos a retroceder, tentei me lembrar de quem eu era. Flashes e rostos acendiam e se apagavam em meus pensamentos turvos. Uma sala ampla e iluminada, a música de um piano ao canto, o som de risadas melodiosas. Uma cabana entre árvores, um par de olhos âmbar me olhando ternamente, um aroma quente e amadeirado se misturando à floresta ao redor da praia. Todas as coisas que me faziam quem eu era foram surgindo e brotando em minha mente. Meus pais, minha família, a tribo que, de alguma forma fazia parte de mim. O amor que eu sentia por ele. Ele, que de tantas formas contribuiu para o que eu era hoje, que de tantas maneiras, salvou o dia. Ele, que me salvou de mim mesmo.
O barulho de pneus derrapando contra o asfalto, o vidro se partindo. Dois tiros ecoando na noite, três corpos estendidos no chão, o sangue em minhas mãos. Lembrar foi mil vezes pior do que sucumbir à letargia. O peso da culpa e da vergonha me atingiram em cheio no peito. Um soco de aço em meu estômago. Um grito agudo e desesperado ecoou nas árvores e se estendeu até a rua deserta. Foi só quando arfei, tentando encontrar o ar que desaparecia de meus pulmões, que compreendi que o grito saíra de minha boca.
Jacob reapareceu entre os galhos um segundo depois. Ele estava reclinado protetoramente sobre mim, murmurando palavras tranqüilizadoras, mas eu só podia senti-lo distante de mim, como se eu nunca mais pudesse alcançá-lo. Senti meu corpo deixar o solo e logo percebi que cruzávamos a margem da floresta, encontrando a luminosidade fraca e amarelada das luzes dos postes. O vento corria livremente pela rua deserta. Fora da proteção das árvores, eu pude sentir a leve garoa gélida bater em meu rosto. Meu corpo era um objeto sem peso, inerte nos braços quentes de Jacob. O céu estava imerso em total escuridão, embora estivesse inquieto, nenhuma nuvem aparecia para reivindicar o movimento hostil acima de nossas cabeças. Um clarão resplandecente incidiu daquele céu imaculado e um estrondo feroz estremeceu o solo quando paramos em frente à última casa da rua.
***
Quando a porta de carvalho escuro se fechou atrás de nós, toda movimentação daquela noite escura e tempestuosa cessou, deixando um silêncio agourento nos envolver no que me pareceu ser um hall de entrada. Não havia nenhuma luz ali, exceto os clarões momentâneos dos relâmpagos, que penetravam as cortinas rendadas da pequena sala à nossa frente. Tentei focar meus olhos em alguma coisa ao redor, encontrar algum indício de que eu estava de volta à La Push, mas nada ali era familiar a mim. O silêncio que zumbia em meus ouvidos não se estendia à minha mente, as lembranças recentemente despertas estavam fervendo dentro de mim, borbulhando como um caldeirão prestes a transbordar. Jacob cruzou a sala e um cheiro de cinzas e madeira seca pairou no ar, devia haver alguma lareira por ali. Os degraus de uma escada estreita rangeram quando Jacob nos conduziu ao andar superior. Onde estávamos? Por que Jacob me trouxe aqui? Perguntas que eram apenas ecos fracos no meio do turbilhão de pensamentos e imagens em minha mente. Aquela bagunça estava me deixando tonta, sonolenta e desorientada dentro do meu próprio corpo. Outra porta se abriu no fim do que me pareceu ser um corredor vazio e estreito. Um cômodo mais amplo e arejado se estendeu à nossa frente, senti pelo deslocamento de ar ao passarmos que ali havia poucos móveis e estava desabitado há algum tempo. Havia poeira e umidade no ar.
Jacob me colocou sobre os lençóis frios da cama, empilhou alguns travesseiros e me deitou.
Ouvi o baque oco das mochilas batendo no chão. Fechei meus olhos, temendo o que veria se os mantivessem assim por muito tempo. Eu estava com medo de dormir, não queria sonhar com aquela estrada, com aqueles homens, com o sangue que ainda manchava minhas roupas e meu rosto, cujo gosto ainda permanecia em minha boca. Não queria ficar ali, vendo Jacob cuidar de mim como se eu fosse uma boneca frágil, vendo-o zelar por meu sono enquanto segurava minhas mãos sujas de sangue seco. Mas eu não conseguia me mover, apesar do torpor ter-se esvaído e deixado para trás aquelas imagens detestáveis, eu ainda não conseguia fazer meu corpo me obedecer. Até mesmo respirar era um esforço contínuo e árduo, e minhas últimas energias estavam sendo destinadas a me manter acordada. Jacob andava de um lado a outro do quarto, revirando gavetas e armários. Ele acendeu algumas velas e as distribuiu pelo cômodo, pela primeira vez desde o acidente eu pude ver seu rosto, e isso me ajudou a me manter desperta. Ele não percebeu meu olhar, seguindo-o para todos os lados, depositando nele minhas últimas forças – minhas últimas esperanças. Observei ele apanhar uma toalha e desaparecer por uma porta à esquerda, segundos depois o barulho de água quebrou o silêncio e se misturou com a chuva que martelava o vidro atrás das cortinas. Uma luz fraca transpassou a porta entreaberta e se juntou à luz amarelada e trêmula das velas espalhadas pelo quarto. Jacob parou no portal recém iluminado e me olhou, seu rosto estava envelhecido, um cansaço impertinente pesando em suas pálpebras. Eu o estava esgotando com meu jogo de gato e rato, caçando um fantasma, perseguindo uma intuição. Estava obrigando-o a permanecer longe da família, a perder os últimos anos de seu velho pai, estava obrigando-o a assistir meus espetáculos bizarros de alucinações e assassinatos. A sombra de culpa que pairava sobre mim ganhou toneladas a mais ao ver Jacob tão cansado e triste. Era como se seu pesar se unisse ao meu, como gotas de óleo sobre a água, impossível de se diluir. Ele forçou um sorriso nos lábios que não alcançou seus olhos exaustos, ficou ali me olhando por minutos intermináveis até que se aproximou da cama, arrastando os pés. Sentou-se a meu lado e pegou minhas mãos. Eu tive vontade de vomitar ao vê-lo se aproximar de mim e me tocar, tinha nojo de mim mesma por deixá-lo me tocar, me sentia indigna de seu toque. Ele parecia tão pesaroso por meu estado, que de início pensei que talvez ele também estivesse com nojo de mim. O calor inundou minha garganta e as lágrimas turvaram minha visão. Era um nó incapaz de ser dissolvido, uma tristeza e desesperança que transpunham o limite da razão. Nada pude fazer para conter as lágrimas, e como a grito na floresta, não percebi os gemidos e soluços escapando de minha garganta. Jacob me abraçou e a sensação de seus braços me envolvendo fez meu egoísmo falar mais alto que minha vergonha por deixá-lo me tocar.
- Shhhh… Está tudo bem Ness. – Jacob me balançava nos braços, como se estivesse ninando um bebê com medo do escuro. – Shhhh… Vai passar, vai passar.
Eu devia saber, devia ter imaginado que seria assim. Quando você cresce, as coisas a sua volta também aumentam de tamanho. Os sentimentos se ampliam, as dores são mais intensas, os problemas se tornam mais difíceis, tudo muda quando você muda, e nos últimos dias, eu mudei tão rápida e radicalmente que não era capaz de me reconhecer. Não sabia o que esperar do dia seguinte, estava inteira e completamente perdida dentro de mim mesma, agarrando-me à única coisa que me fazia sentir quem eu era. Jacob Black.
Os soluços diminuíram ao ponto de me permitir respirar, meu rosto estava molhado e meus olhos inchados e turvos. Jacob tirou meus tênis, desceu o zíper do meu casaco, enquanto trabalhava, murmurava planos para nós. Ele disse que queria conhecer Paris no inverno e visitar o tal do Louvre, disse que iríamos ao México tomar tequila e comer tortillas e ele desafiaria Emmet a pular de Bungee Jump sem a corda. Jacob sorria para mim, e era difícil resistir às idéias que ele plantava em minha mente. Uma realidade muito distante de mim.
Desabotou meu jeans rasgado e sujo e o deslizou por minhas pernas. Jogou-o com minhas meias na pilha de roupas sujas no chão. Eu o olhava, absorvendo cada palavra que saía de seus lábios, eu queria bebê-las, para que ficassem dentro de mim por mais tempo, e afogassem as vozes insistentes que habitavam as paredes do meu cérebro. Ele me pegou no colo e enquanto me conduzia ao banheiro me entreteu com uma história de como sua mãe tinha que obriga-lo a tomar banho, ele corria por La Push o dia todo com Embry e Quil e ficava muito sujo, era um garotinho magricela e descabelado que adorava carros. Tão diferente desse homem que, uma vez se apaixonou por uma jovem e a perdeu para um vampiro, tão distante do alfa quileute que desertou de sua tribo para seguir a filha mestiça da mesma jovem que ele amou – a vampira que ele agora despia e mergulhava numa banheira de água morna, afim de lavar o sangue ressecado de sua pele de mármore. Quantas voltas mais esse mundo poderia dar? Quantas vezes mais nós nos olharíamos no espelho e desconheceríamos a imagem que nos encara? Jacob mudou desde então, será que ele me amaria depois de todas a minhas mudanças – tão perturbadoramente violentas? Quem seria Renesmee Cullen depois dessa noite?
A água morna relaxou meus músculos rígidos, aos poucos meu corpo foi esquentando e eu agradeci Jacob mentalmente. Ele esfregava meus braços e minhas costas com uma bucha de banho, cujas cerdas ficaram avermelhadas com o sangue que se desprendia de minha pele. Eu estava tão absolutamente devastada, que nem mesmo senti vergonha de estar nua na frente de Jacob. A medida que meu corpo relaxava, a sonolância me atingia com mais intensidade.
Jacob sentou na beirada da banheira de louça branca e me ajudou a terminar o banho, sempre alimentando uma conversa agradável para preencher o silêncio constrangedor.
Suas mãos alisaram meu rosto, pressionando levemente minhas bochechas, meus olhos e meus lábios. A água me ajudou a pensar mais calmamente e a voz de Jacob mantinha minha mente ocupada. Em um passado não tão distante, ou em algum futuro incerto, em qualquer outro momento, qualquer outro ângulo que eu olhasse aquela situação, eu veria algo diferente daquilo. Mas agora, nesse momento, eu só conseguia ver a doçura e delicadesa com que Jacob cuidava de mim. Todos os outros ângulos estavam eclipsados por esse carinho quase paternal que emanava dele. E Deus, como eu o amava! E como eu me sentia menor que esse sentimento, como se meu corpo – meu coração – fosse pequeno demais para suportar as proporções de algo que parecia inflar a cada dia.
Ele me colocou na cama, vestindo um shorts e uma regata de algodão – que eu percebi que não eram minhas. Eu definitivamente estava me sentindo melhor, mais leve e mais controlada. Ele me enrolou em um edredon e sentou-se a meu lado, esperando meu cansaço me vencer. Eu queria dizer tantas coisas para ele…mas tinha medo de despertar daquela leve calmaria que se instalou em mim. Arrisquei uma pergunta inofensiva:
- Onde estamos? – Minha voz saiu rouca e fraca. Jacob sorriu ao me ver mais sóbrea.
- Não sei bem que cidade é essa, deve ser na divisa com o Canadá. Também não sei de quem é essa casa, apenas invadi a primeira casa vazia que encontrei. – Ele não pareceu envergonhado em dizer isso, parecia indiferente a qualquer fator externo àquele quarto.
Ele se levantou após alguns minutos de silêncio, beijou o alto de minha cabeça e sussurrou:
- Volto logo. Você vai me ouvir no chuveiro. Quer que eu fique até você dormir? – Acenei negativamente com a cabeça e forçei um leve sorriso para encorajá-lo. Quando ele saiu, fiquei examinando o cômodo a minha volta. A cama em que eu estava era grande, a cabeceira era adornada com formas que imitavam ramos de folhas e flores esculpidas na madeira maciça. Havia uma penteadeira no mesmo estilo em frente a cama, recostada na parede oposta. Um espelho grande e suntuoso fazia reflexo às velas na cabeceira da cama, e quadros, no mínimo cinco quadros de temas diversos espalhados pelas paredes do quarto. Era uma decoração incomum para os humanos modernos. A chuva havia se transformado numa garoa fina, e por um instante eu só ouvi o vento sacudindo as árvores do outro lado da rua. Jacob saiu do banheiro chacoalhando os cabelos, o que me fez lembrar de Rose, implicando com os modos “caninos” de Jacob. Ele vestia uma calsa branca de malha que ficou um pouco curta para seu tamanho, a luz das velas acentuou o tom avermelhado de sua pele e fez o branco se contrastar fortemente. Ele surpreendeu meu olhar e se aproximou.
- Hey, ainda acordada? – Eu não conseguia parar de olhá-lo, parecia uma besteira fechar os olhos para uma imagem tão bonita. – Eu só vou pegar alguns travesseiros e já estou saindo, você precisa descansar. – Ele sorriu e acariciou meu rosto. Eu definitivamente não queria que ele me deixasse “descansar” sozinha. Ele ia se afastando quando eu disse:
- Jake.
- Que foi? – Ele se virou e me encarou.
- Fique. Fique comigo essa noite.
Quando adormeci, envolta o mais próximo que eu podia nos braços dele – ao contrário do que eu contava como certo – não sonhei. Pesadelo algum foi capaz de penetrar os escudos que nossos corpos formaram juntos. Na verdade, foi a noite mais tranquila que já tive na vida.

26 de out. de 2010

Rising Sun- Capítulo 12 : A Estrada

[Essa Fanfic foi escrita por mim e é nada mais que uma homenagem ao trabalho maravilhoso de Stephenie Meyer e à essa saga que todos nós amamos.
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Capítulo 12: A Estrada

- Eles vão nos rastrear Nessie. Assim que meu pai disser a eles que não voltamos para casa. – Jacob cortou o silêncio sufocante. Seguíamos pelas estradas secundárias com o sol se pondo à nossas costas. Fui tragada de meus devaneios pelas palavras de Jacob, e imediatamente me vi planejando o próximo passo. Era estranho como essa nova Renesmee pensava e agia. Era quase como se meus instintos fossem milhões de vezes mais rápidos que eu. Senti meus músculos se retesarem com a perspectiva de ser caçada pela minha própria família. O que eles pensariam quando descobrissem que eu estava fugindo deles? O que fariam quando soubessem que eu e Jacob não estivemos na casa de Charlie naquela manhã? De uma coisa eu tinha certeza. Eu estava deixando minha amada família – meus amados pais – para traz outra vez e seguindo meu próprio caminho, e eu não sabia se esse caminho teria volta. A perspectiva de nunca mais vê-los era assustadora demais para pensar agora, justamente quando eu tinha que descobrir um jeito de despistá-los.
Eu não era mais uma menina – assim como Jacob não era mais um garoto – apesar da aparência. E infelizmente o destino quis me colocar a prova, me testando com coisas que eu sequer compreendia, como o amor impossível que eu sentia pelo rapaz ao meu lado, que crescia e se alojava cada vez mais fundo em mim. Como o ódio que se espalhava por meu corpo cada vez que eu pensava que, mais uma vez, Aro tentava tirar minha família de mim. Eu não apenas queria encontrá-lo e confrontá-lo, eu precisava daquilo. Sete anos não abrandaram minhas lembranças nem tão pouco minha raiva. Tantas coisas novas que se misturavam em mim, me mudaram mais rapidamente que qualquer outra coisa. Mas como manter a salvo as pessoas que amo, se elas estão tentando me impedir? Eu precisava despistar meus pais, devia haver um jeito. Mas como? Eu podia imaginá-los agora, chegando em Forks e ligando para mim, depois para Billy, que diria a eles que eu e Jacob tínhamos ido visitar Charlie. Então minha mãe ligaria para Charlie e ele diria que não estivemos lá. E eles estariam em nosso encalço antes do amanhecer, nos rastreariam e nos encontrariam. Meu pai descobriria tudo e todos estaríamos expostos. Não podia acontecer, eu me certificaria disso. Eles não podiam nos encontrar, não agora que eu estava chegando perto.
Eu não fazia idéia do quanto tempo demorei para concluir tudo isso, quando olhei para Jacob, ele estava me olhando de esguelha, analisando meu comportamento mudo.
- Jake, pare o carro. – Jacob olhou de mim para a estrada escura e – concluindo que não podia parar no meio da pista sem acostamento – estacionou quase no meio das árvores, onde se abria um pasto de vegetação rala e espaça. Desligou o motor e esperou. Dois minutos de total silêncio se passaram, Jacob respirava fracamente enquanto encarava as próprias mãos no colo.
- Escute, precisamos pensar um pouco ok? – Eu não estava gostando da distância falsamente displicente que emanava de Jacob. Eu queria ouvir suas reclamações de como eu estava sendo irresponsável, de como seria impossível despistar nosso cheiro e nossa direção. Mas ele não disse nada. Apenas encarava o nada, esperando que eu falasse e despejasse mais maluquices. Respirei fundo e tentei deixar a voz firme ao falar. Falhei miseravelmente.
- J-Jake, fale comigo, esse silêncio está me matando. – Um lamurio trêmulo e suplicante escapou por meus lábios no lugar da frase corajosa e decidida que eu tentava formular. Jacob me encarou, seu rosto estava tranqüilo – insondável – mas seus olhos brilhavam de um jeito incandescente, quase me queimavam na escuridão que nos cercava.
- Eu concordei em vir até Forks com você para te tranqüilizar de que aqueles sonhos e visões não passavam de besteiras. – Disse ele numa voz fraca, mas suficientemente firme para me exaltar. – Mas as coisas se complicaram e eu não sei o que fazer. – Ele suspirou e voltou a encarar a escuridão. Fiquei quieta, ouvindo o coração dele martelar ruidosamente.
- E se você se ferir? Se estiver certa sobre os sanguessugas da Itália e isso for uma armadilha? – A cada palavra, sua voz tornava-se mais rouca e sua respiração mais audível. – Se era isso que eles queriam? Tirar você de perto de sua família? E eu te ajudando a colocar o pescoço a prêmio. – Jacob cerrava os punhos rigidamente, tentando conter os tremores que agora balançavam o carro.
- Jake, vá com calma. – Não seria nada fácil ficar num Rabbit apertado com um lobo enorme e raivoso. Ele respirou duas, três vezes e conseguiu encontrar o foco. Eu preferia que ele gritasse comigo, que despejasse toda raiva em mim e não que se culpasse e responsabilizasse por tudo que me acontecia. Mas como eu ia explicar a ele o quanto era importante prosseguir? Como eu o faria entender que lá no fundo, em alguma parte mais sábia e corajosa de mim, algo gritava furiosamente para que eu seguisse em frente sozinha? É claro que eu temia, afinal, eu não estava contando com nada além de meus instintos e visões desconexas de pessoas que eu não via há anos – ou que nunca vi.
- Não posso fazer isso Ness. Se algo der errado, se você… – Ele parou, inspirando grandes lufadas de ar, como se estivesse sufocando. Por um momento eu pensei que ele fosse sair do carro, arejar a cabeça, mas ao invés disso ele girou a chave na ignição e ligou o carro.
- Jake, o que… – Não tive tempo de terminar a frase.
- Estamos voltando Nessie. Vou te levar para casa e nós vamos esclarecer as coisas com sua família. – Sua voz era grave e dura, ele não me olhou enquanto falava. Colocou o carro de volta na estrada e acelerou para o sul.
- Jake, você não pode fazer isso! – Eu gritei para ele, tentando fazê-lo parar o carro. Mas Jacob mantinha-se firme.
- Você pode me odiar por isso Nessie, mas eu não vou deixar você se matar.
E então, tudo aconteceu rápido demais. Em um segundo eu olhava boquiaberta para Jacob, tentando pensar num jeito de fazê-lo seguir em frente comigo, e em outro eu estava me estatelando contra o vidro semiaberto do carro. Jacob freou bruscamente logo após uma curva fechada, o carro não estava tão rápido – pelo menos não para mim – mas foi o suficiente para me fazer bater contra a porta e arrancá-la com um baque de pedra contra metal. Rolei pelo asfalto em meio aos cacos e ferragens ainda presos em mim, escorreguei por um barranco íngreme encoberto por uma relva baixa. Quando finalmente parei, na encosta do morro, eu não estava nem um pouco machucada, mas minhas roupas estavam arruinadas, rasgadas e sujas de terra em toda parte, e eu estava muito irritada. Sentei na terra fofa e comecei a me livrar dos cacos de vidro emaranhados em meus cabelos, minha raiva era tão grande que desejei que Jacob, pelo menos, tivesse quebrado um dedo ou dois. Foi então que ouvi passos na estrada acima, o atrito de solas de sapato contra o solo e o barulho desajeitado que projetavam me diziam que não eram de Jacob. Escutei com mais atenção, e se nenhum caco de vidro estava obstruindo minha audição, eu estava certa de que eram três pessoas distintas. Inspirei. Um cheiro quente de suor, sujeira e bebida chegou até mim. Humanos.
Comecei a subir a encosta do barranco o mais silenciosamente que pude. O que diabos três humanos estavam fazendo no meio de uma estrada à noite, e pelo que parecia, a pé? Me ocorreu então que Jacob fora obrigado a parar para não atropelá-los. Bem, isso não atenuou minha raiva, se ele não estivesse agindo como uma babá irritante, nós não estaríamos aqui, perdendo um tempo precioso da fuga.
A voz de um dos três homens soou estranhamente alto na noite imaculada, e eu parei, a três metros da borda para ouvir.
- Você acha que ele está morto? – Perguntou um deles, se aproximando alguns passos do Rabbit sem porta. Perguntei-me o que Jacob estava pretendendo, fingindo-se de morto.
- Talvez. Vamos logo com isso, reviste tudo. O carro devia estar podre, olhem onde foi parar a porta. – Desdenhou o outro. Os três homens riram e começaram a apalpar as reentrâncias do carro. Eles com certeza não viram quando voei morro abaixo, fora tudo muito rápido para olhos humanos captarem no escuro. Não seria uma boa idéia aparecer assim, suja, mas sem nenhum arranhão, depois de rolar um barranco com cacos de vidro pra todo lado. Eles perceberiam algo de errado comigo. Esperei eles terminarem o serviço e darem o fora. Ladrõezinhos de merda, Jacob ia ficar muito louco quando visse seu carro arruinado daquele jeito. Mas por que ele não estava socando aquelas caras nojentas? Se eu conhecesse Jacob como pensava conhecer, um amassado na lataria daquele carro já justificava uns tapas.
Uma apreensão ácida começou a ferver em meu estômago. E se Jacob estivesse realmente ferido? Ele se curaria não é? Afinal, ele era um imortal, como eu. Apesar de saber que Jacob poderia ser esmagado por um ônibus e ainda estaria fazendo piada, não pude deixar de subir mais alguns metros e espiar entre a vegetação na borda. Dois dos homens se espremiam pelo buraco onde eu arranquei a porta do passageiro, um remexia nossas mochilas no banco traseiro, o outro apalpava o porta-luvas. O terceiro estava do lado oposto, onde provavelmente Jacob estava fingindo-se de morto. Eu não podia deixar de achar estranho aquela atitude completamente incomum de Jacob. Nem em um milhão de anos eu pensei que iria presenciar o dia em que Jacob não estivesse animado por uma briga, mesmo com humanos fracos e sensíveis. Eu não conseguia enxergar Jacob dalí, os homens tapavam meu campo de visão, então apenas esperei que terminassem seu saque logo, para que eu pudesse convencer Jacob de seguir para o norte comigo.
- Achei um celular, uma carteira recheada de verdinhas e vários cartões de crédito. Aqui diz que é de uma tal de Re-ne-sse Cullen, que nome estranho. Será que esse aí roubou? Não achei nada dele aqui, só uns trapos velhos. – O homem ao lado da janela do motorista começou tatear os bolsos do jeans e da jaqueta de Jacob. E então, os outros dois se afastaram alguns passos, contando o dinheiro que pegaram em minha bolsa. Foi quando eu vi a mão de Jacob subir veloz até o pescoço do homem que tateava seus bolsos. O homem pulou para traz com os dedos de Jacob apertando ferozmente seu pescoço. Os outros dois pararam, e uma gritaria nervosa de “largue ele” e “eu vou atirar” se embaralhou na cena. Jacob segurava o homem num aperto de aço enquanto varria a noite a minha procura. Ele nem sequer piscou quando saiu do carro guindando o homem a dez centímetros do chão pelo pescoço. Ele contornou o carro e atirou o homem roxo e ofegante aos pés dos companheiros armados. Olhou para a porta do carro retorcida na guia da estrada e deu um passo em direção ao barranco atrás dos homens. Dois tiros ecoaram na noite e Jacob tombou no asfalto negro.
***
Não pensei que seria assim. Sempre que me imaginava frente a frente com a morte eu supostamente estava chorando, ou lutando, ou ao menos, lamentando. Mas só o que havia em mim nesse momento era uma dormência exaustiva, como se meu corpo estivesse cansado como jamais estivera em toda minha vida. O mais curioso é que eu podia sentir cada parte de mim, nunca estive mais consciente de meu corpo, de minha mente, de meu coração pulsando como jamais fez em toda minha curta vida. E havia minha alma, uma luz de esperança dentro de cada ser vivente, e ela agora estava corrompida, partida ao meio, irremediavelmente manchada de vermelho, de sangue humano. A única coisa que me fez parar foi a total ausência de vida naqueles três corpos inertes e secos. Como pude contrariar toda a crença de minha família? Como pude ignorar séculos e séculos de negação, de esforço, de sofrimento? Aqui, aninhada no colo do homem que me arrastava floresta adentro, do homem que – contrariando seus instintos e os horrores do que eu acabara de fazer – estava me levando embora, para longe dos meus pecados, para longe da minha desgraça, eu só conseguia sentir mais repulsa por mim mesma. Eu não podia justificar aquilo, nem para mim, nem para ninguém. Ouvi os tiros, vi Jacob tombar, vi seu sangue ser derramado e simplesmente me atirei contra seus agressores. Rasguei a garganta dos três e não parei até a última gota daquele líquido imundo escorregar por minha língua e se infiltrar em minhas veias como um ácido corrosivo – e delicioso. O pior em todo aquele pesadelo foi sentir o prazer pulsando em mim, foi me sentir tão vívida e fortificada que nem mesmo a vergonha e a repulsa conseguiam fazer meu corpo parar de funcionar, como uma festa. Minha mente estava apenas parcialmente consciente de Jacob ateando fogo nos corpos e no carro que tanto se esforçou para montar, seu primeiro grande feito. Os ferimentos de bala já estavam fechados em seu peito quando me ergueu do chão, suja de sangue e terra, e me levou para longe do fogo, da fumaça dos corpos queimando, da cena do meu crime.
Ele não disse nada, apenas limpou minha sujeira, encobriu meu mal feito e me carregou nos braços pela floresta rumo ao norte e não parou de correr até o limite do estado.

CAPITULOS RISING SUN ESTÃO DE VOLTA !!!

ISSO MESMO :)
Eu postei aah mtoo tempo, nos posts antigos,a história, dividida em capitulos, de,Rising Sun até o capitulo 11, estão lembrados?Graças ao sucesso, eles estão de volta! Para quem, está agora, vendo o blog, nos posts antigos você encontra, os capitulos do 1 até o 11. É só acessar, nas postagens mais acessadas, que você achará o capitulo 9,10,11 e também o post falando da história, ook?
Aos poucos vou colocar aqui até o capitulo, antes de eu falar, "NÃO SURTEM" , até o capitulo 40 !! Isso mesmo, a fã, ques escreve essa saga online, já fez, até este capitulo, estou dizendo na absoluta sinceridade, pra vocês. A autora: "Obrigado a todos que leram e se apaixonaram por Rising Sun. Eu comecei sozinha, mas hoje estou terminando apenas por que vocês tornaram isso possível! Anna Grey."
Bom, eu vo postar os cpaitulos, uns 4 toda semana, e aguardo que lêêm, ansiosamente como eu para os proximos, ook? Não fiquem chateados, comigo porque nao vou publicar, todos dê uma vez, porque é estremamente, cansativo. O blog, já está novo, se perceberam e eu antensiosamente coloquei todos os capitulos, da lua de mel censurada de Bella e Edward, do livro Amanhecer, pra vocês aqui, este mês, não? Entao.. faço tudo, para o blog, sempre ser o the bes't, eu amo mto vocês, os seguidores mais lindos <3'
No proximo post, (o acima deste) o Capitulo 12, A estrada de Rising Sun, com aquelas fotinhas lindas da intruduçao, que eu colococava, sempre, lembram? (=
bye, gnt, beijos,
Jade Cardoso.

Justin Bieber - Never Say Never 3D (Full-length Trailer)

Já que publiquei, no meu blog "jadecardoso" http://jadihcardoso.blogspot.com/ , resolvi vim aki e publicar tmb, pq mesmo quee aki o blog, seja do WORD TWILIGHT, o astro mundialmente conheçido, Justin Drew Bieber, lançara ano que vem, seu filme NEVER SAY NEVER 3D .
Como todos estão ansiosos pra éstreia, que ano que vem, tmb estreia aki no Brasil, deixo aqui o Full Lenght Trailer do filme Never say never, ee antes qe me perguntem, eu acho que é o trailer oficial do filme, que já está sendo divulgado, e que talvez, ele tenha montagens, não officiais. Mas está aqui o trailer \o/ Queem quiser, ver o Official Poster Reveal do filme, acessa meu outro blog, donde eu peguei: http://jadihcardoso.blogspot.com/ e confere. Okk? Espero vocês, meus lindos, lá (:


4 de out. de 2010

ULTIMO CAPITULO, AMANHECER, LUA DE MEL, Capitulo X- Labirinto, narrado por Bella e Edward,

Did you ever think of me
As your best friend
Did I ever think of you
I'm not complaining

I never tried to feel
I never tried to feel
This vibration
I never tried to reach
I never tried to reach
Your eden."

Eden - Hooverphonic (entre outros tantos que gravaram essa música)

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Narrado por Bella:

Acordei algumas vezes naquela noite, ou seria consegui dormir algumas vezes naquela noite? Os sonhos vinham rapidamente, com o sono ainda leve, sempre com ele, sempre com seu corpo, sempre com as sensações que eu estava descobrindo devagar. Se eu pudesse ficar vermelha em sonhos, com certeza ficaria, e talvez tivesse ficado na vida real, e talvez ele estivesse vendo, porque nos meus sonhos eu não tinha reservas, e me abandonava em seus braços sem uma gota de timidez. Mas acordei algumas vezes naquela noite, sempre para sentir que nós estávamos novamente em chamas, seu corpo sempre pronto contra o meu, que por sua vez sempre o recebia sem reservas, e igualmente disposto. Eu não me cansava de estar com ele daquela forma, e ele não parecia cansado tampouco. Algumas vezes eu não sabia dizer se era sonho ou realidade, ou ambas as coisas. Sei apenas que parecíamos nos esforçar para matar toda a sede que tínhamos um do outro há tantos meses, como se o amanhecer pudesse trazer algo diferente, uma outra realidade que pudesse negar o que estava acontecendo. A noite conspirava a nosso favor, fazia a magia daquele momento se estender, perdurar. A noite abrigava aquele amor errado e certo, aquele atentado à racionalidade. A noite nos pertencia.

Em alguns momentos eu percebia tudo nitidamente. Os olhos haviam se acostumado à escuridão, e a lua descera até perto do mar, e entrava pela janela, deixando tudo branco. As velas já haviam se apagado há muito tempo, mas eu não sentia frio; meu corpo estava um pouco entorpecido pelo prazer, incapaz de sentir qualquer outra coisa que não fosse ele, seus lábios, mãos, dedos, pele. Eu mergulhava o olhar no dele, e subíamos mais uma vez aquele caminho em espiral que nos levava até o céu. E quando voltávamos para a terra começávamos tudo de novo.

Em outros momentos as coisas ficavam embaçadas, geralmente quando ele me arrancava do sono com delicadeza, sempre doce, sempre gentil - a princípio. Com o passar dos minutos ele ia se tornando mais selvagem, mais intenso, e eu comecei a ficar à vontade com o predador que ele era, sabendo que eu podia ser sua presa eternamente, voluntariamente, e talvez aquilo o saciasse. E percebi, em um determinado momento, que eu não queria mais me tornar um vampiro; eu queria permanecer exatamente daquele jeito, sendo o calor que ele não podia mais encontrar de outras formas a não ser no sangue, vendo sua expressão transtornada de prazer e alegria.

Não havia vida para mim longe de Edward. Eu aprendera isso na carne, em um tempo que agora parecia distante demais para ter algum significado. O agora era muito diferente. E eu queria prolongar aquilo enquanto eu pudesse. Meu corpo estava cansado, dolorido, eu teria algumas marcas pela manhã, sentira momentos curtos de dor, mas tudo aquilo virava nada quando comparado com o tudo que tínhamos alcançado naquela noite.

Foi com essa certeza e determinação que adormeci, já ouvindo alguns pássaros ao longe, anunciando a chegada iminente do sol. Ainda estava tudo escuro, mas eu podia sentir a mudança no ar, meu corpo estava muito consciente de tudo. Ele despertara, enfim. Antes de adormecer, pude ouvir que Edward sussurrava minha música baixinho, acariciando meus cabelos, e me mandando dormir.


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narrado por Edward :


Quando o sol nasceu eu estava do lado de fora da casa, olhando o mar. Bella estava profundamente adormecida, o coração batendo devagar, no ritmo da respiração suave. Tudo ao meu redor saía lentamente de seu estado letárgico. O barulho das pequenas ondas exercia um efeito calmante sobre minha mente, e eu me esforçava para não ceder à agitação que tomava conta de mim. Havia coisas que eu precisava encarar, mas não precisava ser agora. Agora tudo que eu queria era aproveitar o resto da noite que ia embora, antes de voltar a ser o Edward que eu aprendera a ser ao longo dos anos.

Entrei no mar lentamente, deixando a água envolver meu corpo ao mesmo tempo em que lavava de mim o cheiro de Isabella Cullen. Aquilo me causou alívio e dor ao mesmo tempo. Era um alívio poder respirar de novo sem reservas, sem restrições, sem tanta sede. Mas ao mesmo tempo em que a água carregava seu cheiro com ela, eu já pensava em voltar para a cama e me deitar ao lado dela, e vigiar seu sono, e tocá-la. Era um vício impossível de resistir por muito tempo. Olhei para o passado, em como havia sido no início de nosso relacionamento, em como eu não conseguia passar muito tempo longe dela, longe do pensamento nela. Agora era muito pior.

Mergulhei na água quente e nadei por um longo tempo, ainda me recusando a encarar as coisas que eu precisava encarar. Naquele momento eu não queria pensar em tudo que tinha acontecido. Aquilo ia me destruir lentamente se eu não tomasse cuidado: culpa, remorso, eu não sabia como lidar com esses sentimentos que eram já antigos, mas agora renovados. Porque era ela que estava em jogo ali. Quando voltei me sentei um pouco na areia, deixando os raios ainda fracos do sol banharem minha pele, eu me via cintilar fracamente, pálido. Não conseguia ouvir um único pensamento humano por perto. Eu estava completamente sozinho com Bella. E eu..

Balancei a cabeça, deixando as lembranças voltarem mais um vez à superfície, escolhendo com calma a ordem e a intensidade do retorno. Eu precisava compreender o que havia acontecido antes de descer ao inferno novamente. Antes que a necessidade irracional de me afastar dela mais uma vez me dominasse e eu fugisse sem olhar para trás. Eu não a merecia. Não merecia aquela entrega, não havia merecido aquela noite. Ela não podia confiar em mim. Nem eu.

Não me lembro exatamente como aconteceu, só me lembro de estar alternando estados de consciência e inconsciência – e essa era a primeira vez que aquilo me acontecia dessa forma. Eu não dormia, não sonhava, mas a experiência física com ela havia aberto para mim novos estados de consciência. Tanto uma consciência mais exacerbada como algo próximo da inconsciência. E foi num desses estados que me aproximei dela mais uma vez enquanto ela dormia, meu corpo queimando de sede e aflição, incapaz de se saciar, com a vontade cada vez maior de tê-la de novo. Eu abracei seu corpo com o meu, ela estava deitada de costas para mim, profundamente adormecida. O cheiro que vinha dela me queimava lentamente a garganta, o estômago, os olhos, tudo ardia. Entendi naquele momento que enquanto Bella estivesse viva eu sempre teria que conviver com a sede. E que quanto mais tempo eu ficasse com ela daquela forma tão próxima, mais difícil seria de lidar com ela. Eu estivera errado em achar que poderia me acostumar. A sede e o amor andavam de mãos dadas. Eram indissociáveis. Ambos eram parte de mim; eu era instinto, razão, emoção e não podia negar minha essência. Olhei impotente enquanto me aproximava de seu pescoço macio em câmera lenta, meio hesitante, meio incapaz de parar. Eu a queria com o corpo, com a alma, mas eu queria mais, como uma mariposa eternamente arrastada para a luz, contra sua vontade. Minha boca estava seca, mas o veneno começou a escorrer lentamente das presas, enquanto eu me colava a ela, hipnotizado. Meus olhos perceberam uma artéria pulsando no pescoço, e aproximei meu rosto do local, deitando minha cabeça próxima a seu ombro. Ela se mexeu durante o sono, gemendo. O som não me incomodou nem foi suficiente para me tirar do transe. Eu queria provar seu sangue novamente.

Foi fácil romper a pele do ombro com delicadeza com uma mordida leve, com cuidado, para não contaminar seu organismo. O sangue brotou em pequenas gotas, e eu inspirei profundamente, sentindo o perfume contra o qual eu lutara infinitas vezes me invadindo com a força de um sol. O que eu estava fazendo? Milhões de vozes gritaram dentro de minha mente, mas eu as ignorei, e toquei as gotas com a língua, a princípio gentilmente. Ela se mexeu mais uma vez, e gemeu meu nome. Que sensação ela teria? Mas ela não podia acordar. O que eu estava fazendo? Porque eu tinha concordado com aquilo? Bella despertara tudo aquilo que eu refreava em mim. Tudo.

Com ela eu me tornava completo.

O que aconteceu depois está envolto em uma névoa avermelhada. Não tentei forçar as memórias a voltarem; sei apenas que depois de um tempo bebendo dela vagarosamente eu me vi mais uma vez dentro dela, com as duas coisas acontecendo simultaneamente. O fluxo de sangue cessou, e a ferida mal aparecia em sua pele. Eu não senti a necessidade atroz de continuar como da outra vez, em que havia tomado uma quantidade ainda maior de seu sangue contaminado. Desta vez seu sabor era puro, rico e matizado por todas as mudanças que eu havia causado nela. Nem de longe parecido com o que eu imaginava, porque era infinitamente melhor, mais saboroso, mais intenso... E ela havia me preenchido. Ao mesmo tempo em que eu queimava de raiva por mim mesmo, de angústia, de apreensão... Aquele tinha sido o momento mais belo de toda a minha existência.

O problema não foi exatamente o fato de eu não ter conseguido me controlar o suficiente para evitar o que tinha feito. O problema era que não havia acontecido de verdade. Eu havia sonhado. Só percebi isso quando as coisas voltaram ao foco e eu percebi que sequer havia tocado em Bella enquanto todas essas coisas aconteciam apenas em minha mente. Fiquei horrorizado quando descobri. Não podia distinguir de maneira alguma o que era real do que era imaginário. E se isso tinha acontecido por causa da libertação que havia sido aquela noite, ela jamais poderia se repetir. Eu não podia me permitir. Talvez o desejo de beber seu sangue falasse mais forte e eu acordasse com ela morta em meus braços. E minha vida perderia todo o sentido.

Eu não era confiável.

Deixei os sentimentos me queimarem enquanto o sol subia. Enquanto eu lutava pacientemente contra a raiva e a culpa. No final, venci a batalha, por muito pouco. Resolvi que merecia aquilo. Que tudo tinha dado certo. E que eu não permitiria que ela soubesse. E que eu não me permitiria nunca mais tocá-la daquela forma enquanto não fosse seguro. Enquanto ela fosse tão frágil. Eu nunca mais a colocaria em risco de novo.

Sim, eu podia fazer isso.

O sol estava mais alto. O coração e a respiração de Bella começaram a sair do padrão lento, e a acelerar levemente, o que significava que ela ia acordar em breve. Voltei para a casa, tomei um banho, e me deitei novamente ao lado dela. Tentei evitar olhá-la por enquanto. Isso só tornaria mais difícil sustentar minha decisão. Ela não precisava saber o porque, mas com certeza iria exigir uma resposta que fosse razoavelmente aceitável. Eu percebera mais cedo que ela estava com alguns hematomas, nada muito grave, levando em consideração a noite que tivemos. Mas isso precisaria servir.E eu precisaria de toda a minha determinação para não tomá-la de novo. Por quanto tempo eu conseguiria resistir a ela? Não sabia.

A despeito de toda a emoção que sentia, o frio na barriga que me assolou ao pensar que eu em breve precisaria enfrentar sua fúria – justificada – e dos resquícios de culpa, eu não pude impedir um sorriso lento de se instalar em meu rosto. Aquele seria o primeiro dia do resto de minha vida com ela. E ela era Bella, afinal de contas. Eu conseguira tudo o que queria.

E eu sabia que cada dia seria mais um dia de descobertas. Eternamente.

(Fim.)

Amanhecer, lua de mel, Capitulo IX- Fora de controle, narrado por Edward

Quando nós perdemos o controle, tudo fica vermelho. Tudo vira um infinito de instinto e sensações. Frio, calor, sede, barulho, cheiros, raiva, defesa, ataque, fuga. Qualquer coisa que não esteja entre estas coisas vira um emaranhado de borrões indistintos, e nós ficamos temporariamente incapazes de pensar; a ação e a emoção predominam sobre todas as outras coisas. O raciocínio coerente se esvai, dando lugar à fera que espreita o tempo todo por baixo da superfície civilizada, querendo satisfazer suas necessidades, até conseguir satisfazê-las.

Naquela circunstância não foi um sentimento conhecido e comum que me tirou o controle. Foi algo com o qual eu não estava acostumado a lidar, e que vinha tentando negar sistematicamente nos últimos meses, desde que os momentos a sós com Bella tinham se tornado uma constante: o desejo por ela. Desde que eu a conhecera e descobrira que ela correspondia aos meus sentimentos que eu lutava o tempo inteiro contra a vontade de tocá-la, de sentir meus lábios sobre sua pele. Mas com o passar do tempo, quando eu finalmente aceitara sua presença em minha vida e passara a procurar, aceitar, não temer seu toque, aquilo já não era suficiente para saciar a vontade de tê-la inteiramente. Era sempre com muito esforço que eu me afastava, sempre com uma dor física quase insuportável. Nesses momentos eu tinha medo da reação do meu corpo, que agia de formas inesperadas. Ela sofria muito com aquelas rejeições, mas eu não podia me deixar levar, simplesmente não confiava em mim o suficiente.

Já tinha sido bastante difícil segurar todos os impulsos que haviam me assolado naquela noite, quando eu tomava a maior parte das iniciativas, tentando manter a situação sob controle minimamente, e nisso sua timidez me ajudava. Porém quando ela assumiu o controle eu pude apenas me deixar levar pelo seu toque, e torcer para que eu fosse mesmo merecedor de toda aquela confiança. Não imaginei que ela fosse tão longe; quando começou a me provocar, a me tocar de forma tão entregue, meu corpo reagiu sozinho como sempre, e o pensamento começou a se nublar.

Confesso que tentei resistir um pouco, porém os segundos iam se passando, e a intensidade do toque ia me levando cada vez mais para longe de tudo que não era ela... E todas as proteções de minha mente caíram, todas as precauções, hesitações. Quando dei por mim estava dentro dela, sentindo seu corpo ao redor do meu, me aceitando, me enchendo de calor em todas as partes, me pressionando. E ouvi o eco de um gemido de dor. Foi apenas por isso que consegui parar, porque meu corpo queria continuar se movendo dentro dela, cada vez mais forte, cada vez mais rápido, até que eu explodisse em sensações, calor e prazer. Tudo era desconhecido, eu não sabia como aquilo funcionava em meu organismo, só o que eu sabia era que tinha uma vontade não saciada de esquecer resto do mundo e me afundar na mulher que era minha. Não importava quantas vezes eu ouvira falar sobre aquilo, ou lera nos pensamentos alheios. Nada tinha me preparado para aquela sensação de abandono pleno em meu corpo e em minha mente.

Sem perceber eu havia enfim quebrado a última barreira, e quando compreendi o que havia acontecido a princípio não soube o que fazer. Fiquei estático, imóvel, tentando entender o que havia acontecido, e como, sem conseguir me lembrar. Senti que as preocupações e culpas ameaçavam voltar com toda a força, e lutei contra elas; ela queria, eu queria, e eu sabia que ela queria que eu vivesse aquele momento com a mente e o coração inteiros e não parcialmente, cheios de hesitações. Empurrei as racionalizações para longe com mais um movimento firme do meu corpo contra o dela, e pela primeira vez pude me deliciar de forma consciente com as sensações que aquele momento me proporcionava. Era tudo tão novo que não sabia descrever com palavras. Mas era como a maré subindo; onda, fluxo e refluxo, sempre inundado de calor; a cada ir e voltar subindo mais longe, chegando mais perto de algo ainda indefinido, mas sentindo que o algo aumentava a cada retorno, a cada onda, numa espiral crescente de agonia e de prazer. Senti o cheiro sempre avassalador de seu sangue, mas ele não causou em mim o efeito que eu temia. De alguma forma o desejo superava a sede, e eu só conseguia continuar o que estava fazendo, invadindo seu corpo repetidas vezes, como se estivesse marcando minha presença dentro dela, tornando-a realmente minha.

Entrelacei minhas mãos nas dela, segurando-a firme contra a cama, e experimentei mudar um pouco o peso e a forma com que eu me movia; testando os movimentos com cuidado para não machucá-la. Ela se ajustou a mim prontamente, apertando minhas mãos com força. Eu ainda estava envergonhado pela minha falta de controle, e por ter perdido aquele momento inicial mergulhado em desejo, e prolonguei aquele primeiro reconhecimento dela, ouvindo o ritmo de seu coração, de sua respiração, sentindo as mudanças no seu cheiro, que se misturava com o meu.

Depois de alguns momentos imerso em meus pensamentos e descobertas, procurei seus olhos. E encontrei coisas que nunca havia visto antes. Como se ela tivesse envelhecido, amadurecido apenas naquele contato, naquela invasão. Agora ela era minha mulher, e se sentia assim. O sentimento de pertencer a alguém plenamente a transformara de alguma forma que eu não compreendia, e talvez esse fosse um mistério reservado apenas às mulheres, do qual até então eu nunca fizera parte, e talvez nunca compreendesse plenamente. Ela gemeu baixo enquanto eu explorava devagar as melhores formas de me encaixar nela, alternando velocidade, força, ritmo, e eu senti uma explosão em meu peito, uma alegria misturada com paixão que beirava a insanidade. Ela era minha, completamente. Era minha companheira, viajava comigo naquela loucura, e estávamos ambos inteiros, até agora. Muito melhor do que eu previra. Depois de saciar a curiosidade inicial – e eu ficava olhando para ela, prestando atenção em suas reações, e ela ainda conseguia ficar ruborizada – comecei a misturar estímulos, sem me separar dela, com os lábios e as mãos passeando por todo o seu corpo, por todos os pontos sensíveis, e rapidamente os gemidos baixos se tornaram altos, e em alguns momentos gritos de surpresa, quando eu fazia algo de inesperado. Eu me guiava por seus gemidos e suas respostas, as batidas do coração, o ritmo da respiração, e ia navegando num mar estranho e desconhecido, sem uma direção única a seguir, flutuando ao sabor das ondas, me deixando levar pela maré. Percebi que em alguns momentos ela parecia prestes a dizer alguma coisa, e depois mudava de idéia. Eu ficava mordido de curiosidade, triplamente mortificado por não conseguir acessar seus pensamentos, porém não tinha coragem de quebrar o encanto do momento com perguntas ou palavras. Palavras eram desnecessárias. Meu corpo dizia tudo, e o dela respondia, numa dança lenta, hipnótica, antiga como o mundo. Aqui ela não era nem um pouco desajeitada; era uma amante habilidosa e natural. Eu percebia isso pela forma com que ela se abandonava ao instinto, sem cálculos, sem complicações, uma vez superada a maior parte da vergonha.

Quando percebia que ela estava excitada demais eu diminuía os movimentos até parar, deixando que ela se controlasse. Os protestos que ela fazia quando eu parava só aumentavam meu desejo de prolongar tudo, sabendo que quando ela atingisse o clímax novamente ele viria com muito mais força. Tentei ajustar o ritmo dela ao meu, conduzindo com paciência seu corpo em chamas, mas era difícil; ela se abandonava com mais ímpeto, e às vezes eu tinha que chamá-la em voz baixa, acalmá-la, trazê-la de volta ao meu ritmo.

“Comigo, Bella, não contra mim”, sussurrei em seu ouvido quando ela se moveu freneticamente contra meu corpo para alcançar a satisfação que eu estava lhe negando. Ela ofegou e abriu os olhos, mostrando mais uma vez aquela coloração escura que denunciava a extensão de seu desejo. Ela me abraçou com força e retribuí o abraço, ao mesmo tempo em que separava meu corpo do dela, e a virava de costas para mim, de lado, para mais uma vez preenchê-la, e retomar a exploração.

Não sei como consegui prolongar aquilo por tantas vezes; sabia que era uma tortura para ela, bem como para mim, mas o controle vinha fácil nos momentos em que ela beirava o êxtase, e se esvaía nas horas em que eu me aproximava. Nessas horas eu me esquecia quem era, e existia apenas o meu corpo entrando e saindo do dela, seu cheiro, seu hálito, seu sabor, sua pele contra a minha, o calor que dela emanava continuamente, apagando o frio do meu corpo. Algumas vezes, quando eu voltava desses estados de ausência, tinha que me certificar de que não a havia mordido ou machucado sem perceber, e ela estava sempre inteira, linda, com a expressão transtornada de prazer, os olhos fechados, como se estivesse também em outro mundo secreto, os lábios inchados pelas mordidas que eu lhe dava. Fui adquirindo confiança, e me deixando levar por mais vezes, permitindo que o caçador que eu era se revelasse. Minha natureza não precisava mais ser negada, eu estava fazendo exatamente o que meu instinto exigia. A expressão “brincar com a comida” passou rapidamente pela minha mente, me provocando um sorriso involuntário. Não deixava de ser uma forma de ver a situação, por menos romântico que fosse. E de certa forma era uma caçada, mas o objetivo final não era alimento e não precisava terminar em morte.
Perdi a noção do tempo e de tudo que fiz enquanto ia aprendendo com ela o que era a satisfação que eu tanto buscara. Só sei que nos deixamos levar pela vontade dos corpos, provando, descobrindo novas formas de encaixe, novas sensações. Por mais duas vezes eu me aproximei do descontrole, quando cheguei muito próximo do êxtase, e na terceira vez tudo se apagou, quando a onda enfim chegou ao limite mais rápido do que eu previa e quebrou numa nuvem de espasmos do meu corpo sobre o dela, e eu me senti esvaziar, rápido e devagar, pulsando, até que eu não era mais Edward Cullen, eu era apenas um ponto suspenso num mar feito do cheiro e do calor dela. Eu estava vivo novamente. Não havia mais frio, nem poderes sobrenaturais, nem sede de sangue. Eu não era mais o predador, eu apenas existia, simplesmente, e era feito inteiramente de eletricidade. Eu não sabia como ela estava, se tinha chegado ao mesmo ponto junto comigo, se estava inteira ou em pedaços devido à força de meu abraço, de minhas mãos apertando suas costas, seus braços, mas também não conseguia pensar. Havia apenas o bem-estar. Pela primeira vez desde que me tornara um vampiro eu apaguei tudo. Minha mente não existia. A inconsciência se abateu sobre mim, e se eu tivesse um coração batendo acredito que ele pararia por alguns instantes, enquanto tudo estava suspenso. Depois houve apenas paz.

Voltei um pouco assustado, como quem acorda de um sono leve, as percepções voltando todas ao mesmo tempo, pouca luz, as velas derretidas nos candelabros, algumas já apagadas, o cheiro intoxicante de suor e sexo que vinha de Bella, os barulhos da noite, o calor do ar da ilha, o calor do corpo dela, os lençóis um pouco úmidos embaixo do meu corpo, as pontas dos meus dedos formigando, o pulsar estável de seu coração, a respiração rítmica e tranquila. Ela estava me olhando, serena, os olhos novamente cor de chocolate, com a expressão um pouco cansada. Ela ergueu a mão em um movimento suave e passou pela minha testa, e sorriu levemente. Quando ela falou, sua voz traía a exaustão, mas o sorriso em seu rosto apagava todo o resto.

“E você querendo me negar isso tudo...?” Havia brincadeira e provocação na voz, e um pouco de censura.

Abracei-a de leve, colocando seu rosto em meu peito, aninhando o corpo dela junto ao meu.

“Bella... Você sabe que eu não podia ter certeza. Não vamos começar com isso de novo.”

“Desculpe, Edward.” Notei o tom constrangido de sua voz e a apertei com mais força. “Era uma espécie de brincadeira.”

“Eu sei, meu amor. Mas você realmente não devia brincar tanto com essas coisas assim.” Não consegui evitar o escorregar de minha mão por suas costas. Na verdade eu não queria evitar, mas queria dar tempo para ela se recuperar de tantas coisas. Ela se contraiu toda sob meu toque.

“Alguma coisa errada?” Virei seu rosto para mim, procurando um sinal de algo errado. Já estava começando a ficar tenso novamente.

Ela ficou vermelha. Muito vermelha. De novo. Não entendi muito bem o porquê. Ela estava envergonhada do que havíamos feito, ainda? De quantas maneiras ela ainda conseguiria me surpreender?

“Não, nada errado... É que...” A vermelhidão conseguiu se intensificar ainda mais. “Você parou e eu ainda não tinha... Você me fez perder o ritmo e eu...” Ela não conseguiu terminar a frase, mordendo o lábio, lindamente envergonhada, os olhos baixos.

“Por isso que você reagiu assim quando eu toquei suas costas?” Eu ia descobrindo como o corpo dela funcionava, maravilhado.

Ela acenou com a cabeça. Eu fiz com que ela virasse na cama, deixando as costas ao meu alcance. Percebi a tensão dos músculos quando a toquei, mesmo de leve. Um sorriso veio involuntariamente a meus lábios. Então ela ainda estava com milhares de estímulos agindo sobre seu corpo, condensados. Eu não conseguiria dizer, pela calma que emanava dela. Acariciei suas costas com a ponta dos dedos, começando no centro e subindo até a nuca, por sob o cabelo desalinhado.

Agora que eu estava mais controlado, era maravilhoso poder observar as reações instantâneas que meu toque causava nela inteira, cada músculo que se contraía, cada arrepio na pele. Desci com os dedos, tocando-a de leve, despertando novamente seu corpo, e sentindo que o meu respondia da mesma forma. Fiquei surpreso com a facilidade com que o desejo renascia e tive certeza que eu nunca me cansaria dela. Quando ela estava mais uma vez ardendo, me deitei de costas e puxei seu corpo sobre o meu, me encaixando dentro dela num movimento súbito e inesperado. Minha boca estava sobre a dela, e abafou um gemido alto, ao mesmo tempo em que ela buscava ar. Gostei do acesso que tinha ao seu corpo, e aproveitei o melhor que pude, provocando, tocando, buscando dar a ela a mesma satisfação que eu atingira antes.

Dessa vez não prolonguei os movimentos, atingindo um crescendo rápido e sustentado, sempre guiado por suas respostas às minhas iniciativas. Em um determinado momento, no entanto, não consegui continuar, e parei novamente. Estava curioso. Queria descobrir o que ela queria, seguir o ritmo dela e não o meu. Fiquei imóvel sob seu corpo, e ela gemeu novamente em frustração. Senti seus punhos se baterem contra meu peito sólido, depois ela me abraçou forte, e começou a se mover contra mim, primeiro de forma hesitante, depois com mais desenvoltura, retomando o ritmo que eu havia desfeito, porém de forma mais errática, irregular, como se obedecesse a algum comando invisível que regulava sua velocidade, seu tempo. Em meus pensamentos seu ritmo virava uma melodia deliciosa e irreproduzível. Quando senti que ela estava à beira do êxtase, segurei seu corpo mais uma vez, parando seus movimentos. Ela deixou escapar entre os dentes um gemido baixo de protesto, mas antes que ela pudesse reagir eu girei o corpo, imprensando o dela sob o meu mais uma vez, e acelerei o ritmo, sentindo que eu também estava mais perto de explodir novamente do que havia percebido.

Coordenei meus movimentos com os dela, e em poucos segundos estávamos ambos ofegando, eu escutava sua pulsação subindo cada vez mais rápido, e seu corpo se contraindo. Já estava familiarizado com os prenúncios que seu corpo mostrava, e dessa vez não parei mais. Ela gemeu cada vez mais rápido contra meu pescoço, e eu senti, no momento que ela alcançou o ponto mais alto, seu coração perder uma batida. Depois disso ela era pura pulsação ao meu redor, me apertando, e eu quase conseguia sentir a eletricidade correr por seu corpo e chegar ao meu. Minha própria consciência estava oscilando, e antes que tudo se apagasse mais uma vez – e o prazer dela sempre alimentava o meu duplamente – eu chamei seu nome. Ela abriu os olhos, e pude ver o momento de abandono total que ela atingira, um pouco antes de eu afundar mais uma vez no escuro de seu corpo, e de sua imensidão.




(continua...)

Amanhecer, lua de mel, Capítulo VIII - Tateando. narrado por Bella.

"Ive been told that youve been bold
With harry, mark and john
Monday, tuesday, wednesday to thursday
With harry, mark and john

Satellites gone
Up to the skies
Things like that drive me
Out of my mind"

Satellite of love - MDH Band

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Meu coração acelerou novamente. A sensação de poder causar nele sensações remotamente pareciadas com as que ele me causava era viciante; eu não conseguia pensar em parar. Queria que aquela noite durasse para sempre. Mais uma vez não consegui acreditar que ele estava ali, que era meu, que me amava, e que estava gostando tanto de estar ali como eu. Só que desta vez a descrença era menor, e em parte substituída por uma necessidade de satisfazê-lo; eu conseguia ler em seu rosto e em sua voz como ele estava apreciando tudo aquilo. Era meu dever retribuir tudo que ele me dera.

Mas não era simples; a timidez me atacava em ondas que iam e voltavam, e quando ele me atacou com a língua pensei que fosse morrer de vergonha. Tentei impedi-lo, mas ele segurou minhas mãos com força, talvez mais força do que conseguiu perceber, senti uma pontada de dor. Iria ficar com marcas depois, mas ele foi mais rápido do que consegui raciocinar, e antes que eu pudesse protestar sua língua estava dentro de mim, e o mundo desapareceu. Depois de um tempo, eu só conseguia sentir as ondas de prazer que subiam daquele ponto e se espalhavam para todo o resto do meu corpo. Minhas mãos estavam subitamente soltas, latejando, e me tornei puro instinto. Meu rosto queimava de vergonha, mas eu não podia fazer nada a não ser viajar naquela incursão ao desconhecido, sendo guiada pacientemente por ele. Eu não conseguia acreditar que ele nunca tinha feito aquilo antes. Uma dúvida me atravessou, será que ele tinha mentido para mim? Mas depois relaxei; ele não teria porque, e eu sempre acreditei que ele poderia fazer qualquer coisa melhor do que qualquer humano, fosse na primeira vez ou na última. Ele era apenas perfeito demais. Assustadoramente perfeito.

Quando tudo terminou – e na verdade não tinha terminado, cada pausa era o prenúncio de algo cada vez mais enlouquecedor – a vergonha voltou com mais força e eu tive que me controlar para conseguir olhar para ele. Mas seu olhar desmanchou minha timidez, e consegui conversar de forma minimamente adequada. E agora, aquele desafio. Como eu conseguiria causar nele as mesmas coisas que ele me causara? Eu não tinha coragem nem de longe de fazer o mesmo que ele tinha feito comigo; só de pensar e meu cérebro tinha espasmos. Além disso, as sensações seriam as mesmas para ele? Ele reagira bastante quando estávamos na água; a verdade é que eu ainda não entendia muito bem como sexo funcionava para mim, quanto mais para um vampiro. Inclusive fiquei durante um tempo tentando imaginar como acontecia, já que ele não estava, bem, tecnicamente, vivo, do jeito convencional. Mas a dúvida se desfez nas últimas horas, quando vi que o corpo dele respondia aos meus estímulos de forma muito conveniente. Algum dia talvez eu tivesse coragem de perguntar. Hoje não.

Fiz então o que me pareceu mais certo: parei de pensar, e fiz apenas o que meu corpo tinha vontade. Voltei a beijá-lo devagar, explorando cada centímetro dos lábios gelados, sentindo que ele estremecia em contato com meu calor. Ao mesmo tempo deslizei a mão por seu corpo; fazendo um caminho parecido com o que ele fizera comigo no chuveiro; nos deitamos lado a lado e enquanto o beijava explorei as costas, o peito, os braços, quadris, ora com as palmas das mãos, ora com a ponta dos dedos. Minhas unhas estavam bem curtas, desejei que estivessem mais compridas, mas depois lembrei que provavelmente ele não sentiria mesmo. Era um dos inconvenientes de ter um namorado vampiro. Mas a sensibilidade dele para outras coisas, principalmente o contato da minha pele, parecia compensar aquela falta. Me lembrei da primeira vez que nos tocamos mais prolongadamente na clareira, do primeiro beijo que ele me deu, em como ele tinha sido esquivo e reservado; em como tinha se afastado rapidamente do contato, como se eu o queimasse. Agora era parecido, mas ele se permitia queimar, buscava o calor, a intensidade. Eu me sentia nas nuvens.

Me afastei um pouco dele, me sentando próxima a seus pés. Comecei a tocar suas pernas, como ele fizera, me demorando na parte interna das coxas, atrás dos joelhos, subindo, explorando. Ele permanecia de olhos fechados, a expressão entregue, como se estivesse em outro mundo, do mesmo jeito que eu havia estado. Arrisquei um pouco mais, procurando pontos cada vez mais sensíveis, a curiosidade superando a timidez; não percebi quando ele abriu os olhos. Em determinado momento olhei para seu rosto – como eu gostava da expressão que ele fazia! – e percebi que estava me encarando, os olhos escuros, a respiração curta e rápida, eu não cansava de me surpreender com suas reações, tão humanas, e ao mesmo tempo diferentes. Notei também em seu olhar expectativa; aquilo me intimidou um pouco, era tudo tão novo, acontecera tão rápido, ontem ele mal me beijava e hoje conhecia meu corpo praticamente todo! Respirei fundo, fechei os olhos, e levei a mão até onde ele esperava que eu levasse. Já o havia tocado de leve, quase que esbarrando, quase sem querer, mas agora não havia dúvidas do alvo da exploração. Senti o sangue do corpo todo ir para o rosto, minha mão tremeu, mas respirei fundo e continuei. Aos poucos a curiosidade venceu a vergonha, e os gemidos dele me incentivaram a ser mais ousada na exploração, entendendo devagar onde e como deveria tocá-lo. Me deitei ao lado dele, sem soltá-lo, e voltei a procurar seus lábios com os meus. Percebi que ele estava se controlando para não reagir plenamente, eu já conhecia bem a linha que se formava em seus lábios e a postura tensa. Senti um pouco de medo. Agora eu me sentia realmente brincando com fogo, as recomendações e precauções dele se tornavam mais reais.

Percebi em um determinado momento que meus movimentos estavam sincronizados com sua respiração, e com a intensidade do beijo. Senti meu corpo voltar a responder ao dele e a suas reações, a reacender lentamente, e furiosamente. O calor de meu corpo contrastava com o frio dele; o calor do ar e de minha respiração pareciam transtorná-lo numa tortura lenta e crescente. Eu podia sentir, mais do que qualquer coisa, a sede que ele sentia, em sua postura, em seu rosto, em seus olhos que se abriam e fechavam como em um delírio de febre. E inesperadamente, num movimento rápido, ele se desvencilhou de minhas mãos, rolou para cima de mim, separando minhas pernas com as dele, e nossos corpos se encaixaram. Minha reação inicial foi de protesto, de susto, mas ele a sufocou com um aperto selvagem, enquanto deslizava devagar para dentro de mim em um movimento forte do quadril, provocando uma dor aguda onde antes só houvera prazer, misturada com uma sensação completamente nova de ânsia. O gemido de dor foi sufocado também por seus lábios, que morderam os meus, enquanto ele se movia novamente, causando uma segunda onda de dor, essa mais leve, enquanto a ânsia crescia. Ele percebeu minha agonia, e ficou imóvel, sobre mim, dentro de mim, esperando. A respiração dele estava acelerada de uma forma que eu jamais vira, e agora meu medo era absoluto. E se ele não conseguisse se controlar?

Mas de alguma forma ele conseguiu, e sua respiração foi desacelerando aos poucos, enquanto ele permanecia imóvel. Depois de um tempo que não consegui precisar, ele voltou a se mover. E então eu já quase não sentia dor. Foi quando ele ergueu a cabeça para me olhar, e eu desejei que a noite estivesse apenas começando.

(continua...)

Amanhecer, lua de mel, Capitulo VII- Mergulho, narrado por Edward.

“I would die for you
I would kill for you
I will steal for you
I'd do time for you
I will wait for you
I'd make room for you
I'd sail ships for you
To be close to you
To be part of you
Cause I believe in you
I believe in you
I would die for you”

#1 Crush – Garbage

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Eu só estava calmo por fora. Precisava que ela estivesse calma e tranquila, porque eu não estava. Havíamos chegado a um ponto meio que sem volta, não havia mais muito a fazer, talvez pudesse esperar mais um pouco, prepará-la melhor, mas eu não acreditava nisso, eu via em seus olhos que ela queria aquilo tanto quanto eu, mais, até. Tudo estava indo bem, bem demais, mas o esforço maior viria agora. Me deitei sobre ela, para sentir seu corpo todo colado no meu, e a abracei. Mergulhei o rosto em seu pescoço, em seu cabelo, e senti a sede familiar chegando novamente, subindo por minha garganta. Ao invés de parar, dei pequenas mordidas em seu pescoço, como se estivesse me preparando para mordê-la, e ela praticamente saiu de si com aquilo. Acalmei os pensamentos. Tinha que estar preparado para o pior, se eu a mordesse de verdade teria que tentar novamente tirar o veneno de seu organismo, ou prepará-la para a transformação. Tudo estava mais ou menos ajustado para qualquer possibilidade.

Mas ao invés de aumentar minha sede, as mordidas, que não chegavam sequer a arranhar sua pele, a acalmaram. Seria o instinto do caçador sendo aplacado? De repente resolvi fazer um último teste, uma iluminação me atingiu. Vinda do medo, talvez. Ou talvez fosse apenas mais curiosidade, mais vontade de tê-la completamente. Ela estava suada, corada, um tormento por toda a parte. Mas o cheiro mais intenso vinha do centro dela. Uma parte que eu tinha evitado um pouco, exceto quando estávamos no mar, embaixo da água, e que então me permitira tocar. Me afastei um pouco dela, gerando um gemido de protesto. Me inclinei e sussurrei em seu ouvido.

“Calma, amor. Preciso fazer algo antes.”

E colei os lábios em seu pescoço, inspirando profundamente, sentido a pulsação do sangue em suas artérias, me inebriando com seu cheiro doce, tentador, provando o suor da pele, que lembrava de uma maneira milhares de vezes mais fraca o gosto de seu sangue. Desci pelos seios, me demorando um pouco nas partes que a faziam pular, e desci pela barriga lisa. Quando ela percebeu que eu ia continuar descendo, segurou meus cabelos com as mãos. Eu sabia que ela estava terrivelmente envergonhada, mas aquilo provavelmente me ajudaria, então segurei suas mãos com uma das minhas com firmeza e continuei descendo.

Foi um choque para ambos quando a encontrei com a boca e a língua; para ela, uma sensação totalmente desconhecida, de frio e invasão ali onde era mais sensível, e para mim, estar tão perto daquilo que era o mais próximo possível do cheiro verdadeiro dela, do seu ponto mais vital, de onde a vida surgia; o cheiro era intenso devido ao grau de excitação que ela tinha atingido; era pungente, mais salgado que o cheiro de seu sangue, mas quase tão potente quanto. Inspirei profundamente enquanto provava seu sabor, explorando todos os pedaços dela, deixando que o cheiro me inundasse. Já não prestava atenção a suas reações, a seus protestos, – ainda seriam protestos àquela altura?

Me deixei levar pela experiência sensorial. Senti mais uma vez a boca cheia de veneno, estava pronto para devorá-la, para bebê-la até o fim, mas a vontade não era mais tão incontrolável como antes. Senti suas mãos novamente em meus cabelos. Eu a soltara sem perceber, mas elas já não faziam resistência, pareciam me guiar, guiar o ritmo, a pressão que eu precisava fazer para levá-la ao êxtase. Era como se não fosse a primeira vez, e sim uma redescoberta de algo que ficara muito tempo longe de mim.

Aos poucos percebi que suas pernas se contraíam de forma ritmada, e a respiração foi se encurtando cada vez mais. Continuei sob suas mãos, fazendo o que ela desejava, perdendo a noção do tempo, me aprofundando dentro dela, tocando-a com a ponta dos dedos e com a língua ao mesmo tempo. Senti quando meus dedos encontraram uma resistência, e lembrei que ela iria sangrar, provavelmente, e o cheiro ficaria ainda mais tentador. Ainda bem que eu já estava controlado o suficiente depois daquela incursão ao seu corpo.

Ouvi um grito abafado no momento em que todo o seu corpo se contraiu, e depois relaxou, em meio a espasmos. O cheiro dela se tornou ainda mais intenso, e eu voltei a me deitar sobre ela, para fugir da onda doce e fulminante que me alcançou. Me apoiei um pouco nos braços para observá-la com curiosidade, e por um momento fiquei feliz por ela ter insistido tanto em ter essa experiência antes da transformação. Ela estava me dando um presente único, de sentir o corpo dela tão vivo, em uma experiência tão unicamente humana. Fiquei feliz também em ter aceitado. Amanhã, caso algo desse errado, eu poderia voltar a sentir culpa, responsabilidade, irritação comigo mesmo por ser tão inconsequente, mas naquele momento tudo que existia era o calor que emanava dela, o cheiro intenso, a sede sob controle, e o prazer que dávamos um ao outro.

Deitei-me ao seu lado, enquanto a observava, atento. Os olhos fechados, a respiração entrecortada, o suor formando minúsculas gotas em sua testa, ela estava a cada segundo ainda mais fascinante. A resistência que eu já tinha contra transformá-la em uma de nós aumentou. Tanta coisa seria perdida! Ela não tinha consciência da própria perfeição.

“Bella?” Arrisquei chamá-la depois de um tempo; um sussurro. Queria ver seus olhos. Ela virou o rosto para mim e os abriu. Geralmente de um marrom suave, seus olhos estavam escuros e fluidos, como ônix líquido; quase não consegui distinguir as pupilas novamente dilatadas das íris escuras. Seu olhar transbordava de amor, satisfação, surpresa e um pouco de timidez, tudo misturado numa composição única. Sorri imensamente, devolvendo todos os sentimentos que ela deixava transparecer... Segurei sua mão.

“Está viva ainda?” Perguntei brincando. Ela espreguiçou os braços como se fosse uma gata.

“Parece que você decidiu me deixar viver mais alguns instantes.” Seus lábios formaram um sorriso satisfeito.

“Ainda quer que eu continue?” Provoquei, chegando próximo a ela e mordendo de leve o lóbulo da orelha. Ela pulou novamente, mas a resposta me surpreendeu.

“Não, preciso de um tempo para me recuperar. Ainda tem champanhe?”

Dei uma risada espontânea e estendi o braço para a taça e a bebida que ainda estava fria no balde de gelo. Enchi a taça, e entreguei em sua mão ainda trêmula. Antes que bebesse, procurei seus lábios, tocando sua língua com a minha. Sabia que ela podia sentir o próprio gosto na minha boca, e aquilo me provocou um arrepio instantâneo. Ela estava temporariamente satisfeita; eu, nem um pouco.

Ela bebeu a taça inteira de uma só vez, continuava com sede. Ofereci água na mesma quantidade, ela aceitou de bom grado. Depois se recostou novamente nos travesseiros, e acariciei sua testa, tirando as mechas de cabelo que estavam grudadas com suor.

Ela me olhou com um olhar indecifrável. Parecia querer poder ler a minha mente desta vez. Retribuí o olhar com a mesma intensidade. Estávamos sem palavras.

“Era isso que precisava fazer?” Ela perguntou com a voz rouca. Tentei descobrir se havia um pouco de reprovação na pergunta. Me senti um pouco culpado; sabia que tinha sido uma invasão íntima demais, e talvez tivesse sido tudo muito rápido para ela. Suspirei.

“Foi uma idéia que tive na última hora. Achei que, se me acostumasse com o seu cheiro, poderia ser mais fácil. Eu ainda tenho medo, Bella. Não temos garantias.”

Ela olhou para o teto por alguns instantes, depois ficou muito vermelha; me olhou de canto de olho e eu sorri, não consegui evitar.

“Edward... Não posso reclamar, apesar de ter ficado...” Ela ficou mais vermelha ainda. “Foi uma das sensações mais absurdamente maravilhosas que eu já senti. Se o resto é ainda melhor... Eu não sei se vou aguentar.” Ela parecia sincera. Mas eu sabia que era tudo uma questão de perspectiva. Era estranho estarmos conversando sobre isso; as palavras não eram suficientes para descrever as coisas, e era um pouco desajeitado. Nós nunca tínhamos conversado sobre esse assunto abertamente. Era normal que ela ficasse insegura. A falta de experiência ajudava. Tentei ser o mais sincero possível, baseado em tudo que sabia.

“Até onde sei, vai ser diferente. Mas não posso dizer como, cada um tem um corpo, uma forma de sentir.”

Ela sorriu. “Eu te amo.” A voz era linda. Obrigada por ter decidido vir para cá comigo.”

“Não agradeça ainda. Ainda não acabou.” E minha voz se tornou novamente maliciosa. “E por falar nisso, eu não aproveitei tanto quanto você. O que vai fazer para consertar isso?”

O sorriso voltou a seus lábios. “Bem,” ela respondeu, os olhos brilhando. “Acho que aprendi uma ou duas coisas nas últimas horas. Vamos ver o que consigo fazer por você.”

(continua...)

Amanhecer, lua de mel, Capitulo VI- Brinde, narrado por Bella.

“You want me?
Well come on and break the door down
You want me?
Fucking come on and break the door down
I'm ready
I'm ready”

Talk Host Show - Radiohead




Bem, eu podia estar em silêncio, como sempre, sem palavras como sempre, mas isso não significava que eu não estava com a mente em um turbilhão de palavras, sentimentos e sensações como nunca antes em minha vida. E era sempre ele quem causava isso, Edward, o meu deus particular, perfeito, o vampiro perigoso e apaixonado dos meus sonhos. Estar vivendo aquilo com o qual eu tanto ansiei era indescritível. E quando eu achava que não podia ficar melhor, ficava. E ele ainda dizia que tinha outras coisas guardadas... Se eu não enlouquecesse completamente naquela noite, isso nunca mais aconteceria. De certa forma as dúvidas e inseguranças tinham ficado para trás; naquele momento só nós dois existíamos. Eu, deitada ali, com as mãos firmes e geladas dele escorregando pelo meu corpo todo, me esforçando como nunca para cumprir a promessa de relaxar, entre os arrepios, calafrios e espasmos que me ameaçavam cada vez que ele chegava perto de algum ponto mais sensível, e que em determinado momento parecia ser meu corpo todo. Às vezes minha mente perdia a concentração e eu achava que iria pular em cima dele a qualquer instante, esquecer todo o resto e consumar aquilo que meu corpo pedia, implorava. A espera, a antecipação, a expectativa, tudo se condensava em uma dor física que atingia meus pontos mais vitais. Mas eu me controlei e forcei a mente a se acalmar, e o corpo foi realmente relaxando sob o toque dos dedos frios, sob o reconhecimento gentil dele de como era meu corpo. Aproveitei o momento de calma para realmente olhar para ele pela primeira vez em sua plenitude, ajoelhado ao meu lado.

Apesar da falta de luz, um pouco do luar se infiltrava por janelas de vidro estrategicamente colocadas em vários lugares da casa, e eu podia ter uma visão do corpo perfeito, dos músculos bem desenhados e rijos, sem uma cicatriz, sem uma imperfeição. O rosto mostrava a concentração dele em meu próprio corpo, e pela primeira vez não me envergonhei. Eu pertencia a ele. Era natural que ele estivesse curioso... Mais até do que eu. Quando ele retirou a pulseira do meu braço eu me perguntei o que ele pretendia dizer com aquele gesto, mas a curiosidade foi suplantada por uma certeza; não importava nada do que eu havia sentido por Jacob no passado; naquele momento eu era completamente dele, e nada mais poderia me afastar do agora e de toda a sua imensidão. Eu sempre pertenci a Edward Cullen, e pertenceria para sempre. Aquela noite era apenas uma confirmação disso.

Quando ele me carregou para o quarto, pediu que fechasse os olhos; obedeci. Senti, ao chegar, que o quarto tinha um pouco de claridade, ele devia ter ligado alguma luz. Edward me sentou delicadamente na cama, e eu senti o calor que emanava do ambiente, como se um aquecedor estivesse ligado... A falta do corpo frio dele, quando ele se afastou, foi sentida imediatamente; uma linha fina de suor se formou em minha testa. Ouvi um som discreto de vidro e líquido, e em poucos segundos ele se sentou ao meu lado, encostando o corpo no meu, aliviando o calor.

“Pode abrir os olhos”, ele disse. Quando eu abri, fiquei sem palavras. O quarto brilhava com uma infinidade de velas acesas dentro de candelabros de vidro, e o calor que emanava das pequenas chamas impedia que eu sentisse tanto frio ao lado dele. Ele tinha deixado uma garrafa de champanhe na mesa de cabeceira ao lado dele, e duas taças cintilavam à luz das velas, já cheias pela metade. Ele sorria.

“Acho que não aproveitamos muito bem nosso brinde de casamento, Sra. Cullen. Que tal repetir?” Ele me estendeu uma das taças, e segurou a outra. Seus olhos estavam solenes e brincalhões ao mesmo tempo; como eu amava aquilo! Malicioso, também. Percebi que seus olhos percorriam meu corpo em relances.

“Acho que seria apropriado”, eu respondi, corando.

Ele inclinou o corpo na minha direção, trazendo a taça perto da minha. E ao que você deseja brindar, Bella?”

Pensei um pouco, enquanto me deliciava com o hálito doce que emanava dele, melhor do que qualquer champanhe. “Ao que seria mais óbvio?”, perguntei. Minha voz estava rouca, e eu senti sede.

“A nós, eternamente.” Ele respondeu como se tivesse lido meus pensamentos. Corei mais violentamente ao ouvir aquelas palavras finalmente ditas e se transformando em realidade...

Nossas taças se tocaram em um movimento rápido, e eu, como sempre, desastrada, fiz metade do líquido de minha taça se derramar sobre mim. Fiz menção de me secar com um dos lençóis da cama, mas Edward me impediu. “Espere. Você sabe que eu não aprecio muito o gosto das bebidas mesmo... O mais divertido não é o que estou bebendo no momento, mas como,” e deu um sorriso absolutamente diabólico, antes de se inclinar sobre mim para provar com a língua as gotas que escorriam por meu corpo. Tive que me segurar para não pular mil vezes com o toque frio deslizando por mim; sentia o rosto pegando fogo. Quando ele terminou, eu estava com a respiração totalmente instável, e com certeza estava tendo uma arritmia, porque eu sentia que às vezes meu coração esquecia de bater. Ele me manteve o tempo todo sentada, com as pernas entreabertas, para que pudesse ter acesso a todos os lugares por onde o champanhe escorrera. Não sei como não desmaiei. Talvez tenha desmaiado sem perceber.

Ele se sentou novamente, sorrindo.

“Delicioso. O melhor brinde que eu já fiz. Você tem que tomar o seu”, e então ele encheu minha taça novamente até a borda, e me entregou. “Beba tudo. Quero ver o que acontece”.

“Como assim?” Perguntei desconfiada. Ele apenas riu, um riso quente. Fiquei quieta esperando uma resposta.

“Álcool é um inibidor químico. Só que a primeira coisa que ele inibe no organismo humano são os inibidores naturais, que reprimem vocês. Por isso vocês ficam relaxados e desinibidos quando bebem. Acho que vai ser bom, afinal eu quero você completamente desinibida. Já que vamos aproveitar...” E dizendo isso, ele piscou um olho, o rosto transbordando sugestões.

“Ei, eu não costumo beber, você sabe! Posso passar mal...” Tentei escapar da experiência, mas minha própria voz não tinha muita convicção. Eu estava começando a achar a idéia atraente, apesar de pensar que gostaria de passar pela experiência o mais sóbria possível...

“Eu cuido de você. Vá, seja uma boa menina. Tome tudo”, e novamente me estendeu a taça. Dessa vez encarei o desafio, e bebi tudo de uma só vez. O calor do álcool explodiu em minha garganta, me levando às lágrimas e me fazendo tossir. Que romântico. Onde eu estava com a cabeça? Nunca bebera assim na minha vida, exceto um ou dois goles em alguma comemoração. Ele sorriu e encheu a taça de água. Me entregou. Bebi rapidamente, por causa da sede. Depois ele encheu novamente com mais champanhe. Inspirou profundamente, sentindo o aroma da bebida.

“É bom”, ele disse. “Mas nem se compara com você. E é melhor quando está derramado na sua pele. Aí fica quase perfeito”.

“Quase?” Me perguntei em que poderia melhorar.

“É, quase. Só é perfeito quando não tem nada em cima de você para atrapalhar. Mas aí é mais difícil eu me segurar...” ele disse em tom casual, como se as conseqüências de ele não se segurar não fossem nada demais. Era intrigante e ao mesmo tempo um pouco assustador conviver com aquele lado despreocupado de Edward. Afinal, ele era o predador.

Ele me entregou a taça e eu bebi novamente fazendo uma careta. O gosto era amargo e desconhecido, mas começou a me causar um bem-estar no estômago, e bebi com mais calma e mais devagar dessa vez. Ele me fez beber mais uma taça cheia, sempre alternando com água.

“Para que tanta água?” Perguntei, curiosa.

“Para não desidratar. É por isso que vocês passam mal quando bebem.”

“Ah”. Parecia fazer sentido, e eu estava mesmo com sede. Aos poucos senti a cabeça leve, e um calor com formigamentos se estendendo sobre minha pele. Senti o quarto rodar um pouco, e vontade de rir. Ele me olhava atentamente o tempo todo, sem perder um segundo, às vezes sorria.

“Edward Cullen, você não precisa disso para me seduzir”, eu protestei, rindo um pouco. A bebida tinha subido bem rápido em meu corpo inexperiente.

“Eu sei. Mas acho que vai ser interessante”, e dizendo isso ele me deitou de costas na cama, me ajeitando sobre os travesseiros. Depois se deitou ao meu lado, e me puxou de encontro ao corpo dele, se colando a mim, a cada curva. Ficamos os dois com os corpos entrelaçados, deitados de lado. Minha respiração falhou, e eu puxei o ar com força. Ele passeou uma das mãos com preguiça pelas minhas costas.

“Nervosa?” Ele perguntou, impassível.

“Um pouco”, admiti.

“Não fique. Somos feitos um para o outro.” E então ele começou a me beijar, e meu corpo pegou fogo ainda mais rapidamente. O álcool fazia efeito, e as sensações que ele me causava se intensificavam. Percebi que deixava minha timidez de lado, e explorei o corpo que tanto me encantava já com alguma familiaridade, tocando todas as partes dele, traçando as linhas com a ponta dos dedos, como ele fazia, chegando perto das partes mais escondidas, partes que antes eu morria só de pensar em tocar. Ele também gemia baixo em algumas passagens, e em uma ou duas vezes disse meu nome com a voz rouca, quase inaudível, não mais do que um sussurro. Em poucos minutos, estávamos os dois ofegando. Quebrei o beijo que ele me dava para buscar ar. Ele se apoiou em um dos braços e ficou me observando, enquanto os dedos passeavam por minha barriga.

“Você fica linda assim, sabia? Me pergunto se consegue ficar mais linda do que isso... Mas pretendo descobrir.”

“Ah é? Como?” Perguntei, antes que pudesse compreender o que estava por trás das palavras dele.

“Observando seus olhos e seu rosto quando eu estiver dentro de você”, ele respondeu, tranqüilo, como se estivesse me dando bom dia.

Engoli em seco. Observei como meu peito subia e descia com a respiração acelerada, meu pulso parecia um tambor. Sentia a testa suada apesar do corpo frio dele, que já não me incomodava. Eu estava com medo do desconhecido, mas meu corpo inteiro pulsava pedindo por aquilo. Ele me tocava como se tocasse um piano, extraindo de mim uma melodia, um ritmo. Fiquei me perguntando como seria quando estivesse se movendo dentro de mim. De repente não quis mais esperar. Eu queria saber.

“Acho que está na hora de descobrir, então. Ou você quer esperar mais um pouco?” Eu perguntei, temerosa da resposta.

“Não, acho que eu não quero mais esperar.” E dizendo isso, ele se ergueu sobre mim e se deitou sobre meu corpo num movimento perfeito, com cuidado, para que eu me acostumasse com o frio do corpo dele sobre minha pele quente. Ele me abraçou e enterrou o rosto em meu pescoço, em meus cabelos, dando pequenas mordidas que me faziam pular de encontro ao corpo dele buscando, implorando. Eu mal sabia que aquilo era apenas o começo.

(continua...)

Amanhecer, lua de mel, Capitulo V - Preliminares, narrado por Edward.

Pride can stand a thousand trials
the strong will never fall
But watching stars without you
my soul cried.”

Des’ree – Kissing you

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Parte I

Era incrível como Bella sempre me surpreendia. Além de não ter a menor certeza da importância que tinha em minha vida, conseguia fazer com que o amor que eu sentia por ela aumentasse cada vez mais, com gestos simples, com palavras inesperadas. Sempre que eu achava impossível que meu coração comportasse mais coisas, ela aparecia com alguma surpresa que me pegava desprevenido.

Foi assim naquele momento em que ela confessou o que estava pensando de forma tão pouco calculada, embora ela sempre fosse mesmo muito transparente. Eu estava me preparando para algo diferente, por causa da reação inesperada que ela tivera durante o beijo, e ela terminou por me dar a opção que eu sempre quis que ela me desse: a de não passar pelo tormento de estar com ela e terminar por feri-la no processo.

Não foi uma decisão fácil de tomar. Ter algo muito precioso nas mãos e decidir correr o risco de perdê-lo, podendo aguardar um pouco para poder desfrutar dele de forma mais segura, mais completa... Que tolo faria isso a não ser alguém muito apaixonado... como eu? Mas agora que ela verbalizara seus pensamentos, as coisas se tornavam mais claras, e justificavam melhor o risco. Ela era humana. Queria essa experiência. Queria me dar essa experiência. Que eu tivesse como retirar dela tudo o que podia me dar, antes de mudar para sempre.

Aos poucos o pânico foi se dissolvendo da minha mente, e a vontade que sentia por ela aumentou, apagando o resto das minhas dúvidas temporariamente. Aquilo aumentou também minha confiança no meu controle. Talvez se eu me entregasse ao que sentia ao invés de lutar contra; se conseguisse canalizar a força de meu desejo ao invés de combatê-la...

E assim, ao invés de desistir, de confessar que não confiava mais no meu autocontrole, eu a trouxe para a casa em meus braços, tentando não segurá-la muito perto para que não sentisse frio. Enquanto carregava seu corpo leve, continuava a devorá-la com os olhos. A espera havia demorado muito, e agora eu me permitiria desfrutar do que nos fora negado por tantos meses. Intimidade absoluta.

Levei-a direto para o banheiro, mantendo as luzes apagadas. Eu não precisava de luzes, enxergava muito bem no escuro. Deixei-a em pé em frente ao chuveiro e sorri, mesmo sem saber se ela conseguia ver. Abri uma das torneiras e deixei a água quente, o máximo que poderia estar sem que ela se queimasse, e beijei sua testa de leve.

“Bella, amor. Se esquente um pouco, eu já volto. Você deve estar gelada a essa altura.”

“Um pouco”, ela concordou, enquanto deslizava com cuidado para dentro do chuveiro. Senti que ela relaxava ao contato da água quente, e lutei contra a vontade de me juntar a ela naquele mesmo momento. Tinha ainda algumas coisas a preparar.




Parte II




Voltei ao banheiro poucos minutos depois. Ela estava encostada na parede, que era de granito, deixando a água quente escorrer pelas suas costas. Parecia bem, grande parte da tensão dissolvida pelo calor e pressão da água, que era bem forte. O ambiente se enchera de vapor, criando uma névoa densa, e ali o cheiro dela ficava um pouco mais leve, quando misturado a tanta água no ar.

“Você tem alguma idéia de como é irresistível?” Eu perguntei, enquanto entrava no chuveiro, e me colocava entre ela e o jato de água, esquentando também meu corpo. Ela se virou, e ergueu a cabeça ao olhar para mim. Busquei seus lábios com os meus com gentileza, testando seu humor. Era sempre imprevisível para mim. Ela me beijou de volta devagar, tocando meus lábios com a ponta da língua, fazendo caminhos, sem pressa. Eu amava essa nova faceta dela, que estava sendo despertada aos poucos, essa confiança, essa falta de timidez. Ela estava deixando a adolescência cada vez mais rápido. E nunca me pareceu mesmo uma adolescente; Bella sempre fora mais madura do que as outras garotas de sua idade. Isso compensava o excesso de timidez e insegurança que eram típicos dela. Eu amava sua seriedade, seu senso de responsabilidade, de conseqüência, a forma como se preocupava com sua família e com o bem-estar de todos, principalmente comigo, que tanto a fizera sofrer. Amava até mesmo seu silêncio, quando estávamos na escola, enquanto todos riam, brincavam e faziam barulho. Aquilo a aproximava de mim.

Aproveitei que o beijo a estava deixando sem ar e parei um pouco. Olhei em volta; o lugar onde ficava o chuveiro era enorme, as paredes eram todas de granito claro, ao lado tinha um pequeno jardim de inverno com folhagens e um banco de pedra. Levei o que trouxera na mão até lá, puxando-a pela cintura, sem desligar o chuveiro, o vapor funcionava como uma sauna, esquentando o ambiente. Senti um cheiro leve de suor, que vinha dela e melhorava ainda mais seu perfume, deixando-a ainda mais viva, mais saborosa. Sentei no banco de pedra e coloquei uma toalha que molhara com água quente em meu colo, para diminuir o choque de temperatura. Fiz com que ela se sentasse sobre minhas pernas de costas para mim. Afastei os cabelos molhados, empurrando-os para a frente, deixando a visão plena de suas costas nuas. Comecei a deslizar as mãos pelas costas molhadas, sentindo os músculos se contraindo a cada toque. Eu queria que ela relaxasse, mas estava surtindo o efeito contrário.

Me inclinei para a frente, até que estivesse perto de sua orelha. “Bella,” sussurrei, “relaxe, não vamos ter pressa”.

“Não quero relaxar”, ela resmungou, com um toque de diversão em sua voz. “Na verdade meu corpo é quem não quer, eu não consigo evitar”. Agora eu ouvi o sorriso em sua voz, junto ao suspiro lento. Era melhor assim. A tempestade de suas emoções aparentemente estava se dissolvendo.

“Vamos resolver isso. Parece que Alice tinha algumas sugestões a nos dar, encontrei algumas delas espalhadas pela casa.”

“Ah, não!” ela respondeu, um pouco constrangida. “Aqui também?”

“Como assim também?” Provoquei. Imaginei que minha irmã teria reservado algumas surpresas para o guarda-roupa de Bella, mas não quis tocar no assunto, pois sabia o quanto aquilo a deixava envergonhada.

“Hum. Nada, você sabe como é a Alice. Sempre dando muitas sugestões.”

“Concordo. Mas devo admitir que gostei delas, dessa vez. Quase tanto quanto gostei do seu vestido de noiva.”

“Ah.” Ela não conseguiu encontrar mais nada para dizer. Devia estar terrivelmente vermelha. Confesso que para mim também era estranho estar com ela daquela forma, mas estava encantado com as descobertas. Tantos anos ouvindo comentários e piadas internas de Jasper e Emmet; finalmente eu podia entender algumas coisas por mim mesmo, sem precisar ficar sondando os pensamentos alheios, ou recebendo informações da vida íntima deles mesmo quando eu não queria.

E também... Era a primeira vez que eu amava tanto alguém assim. Queria que tudo fosse perfeito. E como ela nunca tinha feito isso com ninguém antes... Eu sabia o quão desconfortável poderia ser para ela se eu não tomasse cuidado.

“Seus olhos estão fechados?” Perguntei a ela.

“Sim.” Ela repondeu, um pouco desconfiada.

“Então eu quero que você relaxe. E eu quero conhecer seu corpo. Se – se você me prometer que não vai se descontrolar. Promete?”

“Não.”

“Essa é a minha Isabella. Eu gosto do seu nome assim. Bella é lindo, mas Isabella é mais clássico. Combina com você. Posso começar?”

“Aham”. Senti que o corpo dela estava tenso de novo, em antecipação. Dei uma risada rouca. De repente fiquei novamente muito consciente do corpo dela junto ao meu, sentada em meu colo... Seria muito fácil apenas afastar a toalha, me mover para junto dela, dentro dela. Mas não queria que fosse assim. Afastei os pensamentos em outra direção, e passei de novo as mãos pelas costas nuas, só que agora para espalhar um líquido que Alice deixara em um frasco no armário do banheiro. A substância era oleosa, com um perfume bastante agradável, e segundo a nota que ela deixara vinha de plantas e flores que cresciam na ilha. Ela deixou escapar um gemido.

“Não sabia que você também entendia dessas coisas,” ela comentou, com a voz baixa e entrecortada.

“Com você eu sempre tento ser muito humano, você sabe. Além disso, Carlisle é médico, ele me ensinou algumas coisas. E assisto filmes de vez em quando.”

“Que tipo de filmes você anda assistindo, hein?” ela perguntou, enquanto meus dedos iam encontrando pontos de tensão nos músculos e desfazendo devagar, com cuidado. Qualquer força a mais que eu usasse poderia machucá-la. Ela não sabia que isso também era um exercício para que eu soubesse até onde poderia ir.

“Você se surpreenderia,” respondi, provocando.

“Edward! Você não andou assistindo...” Ela não conseguiu terminar a frase, e não consegui conter as risadas. Depois que terminei de explorar suas costas, passei para os braços, me demorando na parte interna, onde a pele era mais sensível. Senti que a respiração dela e o coração iam se acelerando. Quando isso acontecia, eu parava. Ela se manteve o quanto pôde dentro da promessa de relaxar, mas eu sabia que estava ficado cada vez mais difícil. Eu ia saboreando suas reações, encantado; o óleo e o vapor camuflavam seu cheiro, tornando fácil a parte de me controlar; fiz uma nota mental para agradecer a Alice depois.

Quando terminei com os braços desci para as pernas, ela permanecia sentada em meu colo, então mudei de posição e a coloquei deitada de costas no banco, sobre a toalha, e me ajoelhei ao lado dela enquanto deslizava as mãos pelas pernas de cima a baixo até os pés, memorizando cada detalhe, cada imperfeição, cada dedo, a textura da pele, a firmeza dos músculos, as curvas, a delicadeza, a fragilidade dela sob minhas mãos. Percebi que algumas vezes a toquei com muita força, ela não reclamava, mas eu percebia; aos poucos fui aprendendo o que tinha que fazer, a pressão que podia usar, a forma que ela mais apreciava. O Leão e o cordeiro. Mas dessa vez era o próprio cordeiro quem se sacrificava. Se bem que, eu tinha que admitir, ela estava gostando bastante. Não parecia um grande sacrifício... Por enquanto.
Evitei outras áreas propositadamente, antes que o controle nos fugisse. A noite ainda era uma criança, e aparentemente a satisfação que ela alcançara enquanto estávamos na praia havia diminuído um pouco sua urgência. Quando me dei por satisfeito, ergui-a novamente, e a levei até o chuveiro, para que retirasse o excesso do óleo. Ao ver a expressão de prazer em seu rosto não consegui me conter, colei meu corpo no seu, sentindo a pele dela deslizar contra a minha, e a beijei até ficarmos ambos sem fôlego nenhum, enquanto as mãos delas deslizavam por mim já com certa desinibição; sem fôlego era modo de dizer, já que eu não respirava, mas meu peito queimava, e a boca ardia de desejo, seca. Quando falei, as palavras saíram com dificuldade, entrecortadas.

“Bella... assim... nós vamos... acabar pulando as etapas.”

“Etapas?” Foi só o que ela conseguiu balbuciar, enquanto colocava a mão no peito, como se estivesse sem ar depois de correr por muitos metros.

“Você vai gostar. Vai ficar quietinha?”

“Ei! Eu não fiz nada dessa vez! Você me agarrou!” Ela protestou, e estava certa. Eu é que havia me adiantado.

“É verdade. Vamos, então?”

Envolvi Bella com a toalha úmida, retirando o excesso de água da pele e dos cabelos, e a carreguei mais uma vez, até o quarto. Em meus pensamentos, torcia para que tudo desse certo até o final.
(continua...)